Para permanecer em suas terras tiveram que lutar contra os grandes fazendeiros, contra empresários interessados na construção das barragens, contra grileiros e muitas vezes contra os próprios irmãos, para que não abrissem mão das terras por quantias irrisórias.

A resistência valeu a pena! Através da batalha dessas comunidades, hoje o governo tem um projeto de reconhecimento e legitimação dessas terras e há leis que protegem os direitos quilombolas no país. São mais de 100 comunidades no Vale do Ribeira e mais de 3 mil em todo o território brasileiro eles ainda tem muito que batalhar mas a vitória já tem sido grande.

O exemplo de número dois merece destaque pela importância e profundidade do tema. Desde que fomos caçados, amarrados e trazidos como escravos para o Brasil.Uma das principais armas contra o povo africano foi à falta de informação. Primeiro separaram os membros de cada comunidade, com línguas diferentes e muitas vezes pertencendo a tribos inimigas, os negros então escravos, não tinham como se unir e lutar por seus direitos. Os senhores tinham a noção de que se o povo africano se unisse e tivesse acesso ao estudo e a informação, lutaria por seus direitos e buscaria arduamente a liberdade.

Ainda hoje, vemos o reflexo disso quando nosso povo sofre com a exclusão, seja através do nível menor de escolaridade, ou das poucas cadeiras ocupadas nas universidades, ou dos menores salários no mercado de trabalho.

Vendo a educação como uma necessidade indispensável para se tornar força participativa na sociedade, a Frente Negra Brasileira já em meados da década de 40 oferecia cursos de alfabetização e o que hoje seria equivalente ao supletivo. Membros da própria Frente com um maior grau de instrução, ensinavam a quem desejasse aprender.
Hoje a história se repete quando um grupo de sociólogos negros recém-formados cria a primeira faculdade com 80% de alunos negros da América Latina. A Faculdade de Administração Zumbi dos Palmares, oferece o curso universitário com valor acessível e já abre mais de 400 vagas em seu 2º vestibular.