"20
de novembro temos que repensar / a liberdade que o negro
sempre teve de lutar…" Essa é a primeira
frase que abre uma das principais letras de Rappin Hood,
que já há alguns anos norteia através
do refrão "sou negão hei, sou negão
oh", a juventude negra nas periferias do Brasil.
O
reconhecer-se como negro e orgulhar-se disso é
algo recente quando tomamos como parâmetro à
história do país. Do início da
década para cá podemos perceber um boom
seja na mídia, na música, na educação,
na política, na fé e em tantos outros
aspectos que têm servido como base na luta contra
o preconceito e em favor da liberdade.
Mas
tudo isso não começou agora, não
surgiu do nada e brotou como expressão dos nossos
ideais. Para que nós hoje tenhamos o espaço
que temos, muita gente teve que batalhar, para que a
voz do negro se fizesse ouvir.
Martin
Luther King disse certa vez em um de seus sermões
a seguinte frase "A liberdade jamais será
dada voluntariamente pelo opressor, ela deve ser conquistada
arduamente pelo oprimido…" . E certamente
o povo afro-brasileiro sabe o que é ser oprimido
e o que é ter que conquistar sua liberdade. Vale
a pena traçar um perfil histórico dessa
luta.
Somos
herança da memória…
Identidade
é considerada hino por muitos de nós,
pois traduz com ritmo, letra e samba a história
de batalhas do negro brasileiro. Mas que memória
é essa que o poeta nos delega como herança?
É a memória de um povo que nunca foi acomodado
como muitos fizeram questão de rotular.
A
memória da população afro-descendente
deve ser margeada sim por um passado recheado de batalhas
e conquistas que vão muito além do quilombo
dos palmares.
O
primeiro exemplo que cito aqui é o das comunidades
remanescentes de quilombos existentes no Vale do Ribeira
que, durante quase 500 anos estiveram esquecidas e desconsideradas
e que mesmo assim vivenciaram árduas batalhas
que serviram para manter uma identidade, mas principalmente
para afirmar "nós existimos e estamos aqui".
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