Há
alguns dias assistia a um episódio de uma série
médica norte-americana e dentre os mais diversos
casos apresentados no programa estava a história
de um adolescente de 14 anos que ficou cego, por ter
levado um tiro ao tentar desarmar o irmão mais
novo que brincava com a arma do pai. A cena me chocou
muito, pois os olhos do rapaz estavam cobertos de sangue
e a equipe do hospital tinha que trabalhar com todo
cuidado para manusear todos os aparelhos necessários
tentando recuperar dentro do possível a qualidade
de vida do garoto.
Esse
episódio me deixou pensativa por muito tempo
e eu sabia que tudo não passava de uma encenação,
mas aquela cena me despertou um pensamento. Na hora
me lembrei dos diversos casos que aparecem nos noticiários,
disparos acidentais com armas de fogo, pessoas assassinadas
com balas perdidas ou simples discussões no trânsito
que acabam em tragédias. O caso da série
era ficção, mas as muitas manchetes dos
noticiários infelizmente são a mais pura
realidade.
Pensando
em evitar tragédias como essas, o Governo Federal
criou entre outras medidas a Campanha do Desarmamento
que, em conjunto com outras atividades oferece recompensas
pelas armas de fogo entregues pela população.
Mas qual seria a intenção do governo ao
desarmar a população? Impedir que cidadãos
honestos se defendam? Gastar o dinheiro do contribuinte
pagando para que criminosos entreguem suas armas? Não,
a principal razão para campanhas desse tipo é
a diminuição do número de vítimas
de armas de fogo a cada ano no país e a diminuição
de armas não autorizadas espalhadas por aí.
País
que mais tem vítimas por armas de fogo no mundo,
com cerca de 7% da população atingida,
o Brasil tem entre as principais vítimas jovens
entre 17 e 24 anos, sendo que desse número à
maioria é de jovens da periferia das grandes
cidades, atingidos por pessoas de seu convívio.
Cansado de ganhar uma medalha tão vergonhosa
o governo brasileiro resolveu agir e criou o novo Estatuto
do Desarmamento.
Organizado por uma comissão composta por ministros
e passando por consulta pública onde ganhou sugestões
da população, o estatuto entrou em vigor
no ano de 2004 e limita o porte de armas por civis a
casos específicos onde exista risco de vida.
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